Um pouco sobre a loira do banheiro
A história sobre a menina de vestes brancas, cabelos loiros, algodão nos orifícios da face e um aspecto cadavérico que assombra os banheiros escolares, é a mais famosa lenda urbana em terras tupiniquins; sendo basicamente impossível alguém não ter conhecimento sobre o que se trata, tamanha a popularidade dessa lenda.
A possível origem da história teria sido em Guaratinguetá, São Paulo, onde uma jovem de 14 anos, chamada de Maria Augusta de Oliveira Borges, no final do século XIX (dezenove), teria sido obrigada pelo pai, Visconde de Guaratinguetá, a se casar com um velho endinheirado. Inconformada com o casamento, resolveu vender suas joias e fugir para Paris aos 18 anos em 1884, falecendo por lá aos 26 anos em 1891, possivelmente por conta da doença conhecida como 'raiva', que causa intensa desidratação nas vítimas e era muito comum na Europa. Mas existe um detalhe misterioso, que é o sumiço do atestado de óbito, e a origem de sua morte é apenas uma especulação. A família conseguiu trazer o corpo de volta para o Brasil, que ficou numa urna de vidro, para exposição, até que o túmulo ficasse pronto. A mãe não queria enterrar Maria, mas acabou mudando de ideia após ter uma série de sonhos, onde a filha pedia para ser enterrada. Em 1902, a casa se tornou a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves; e nessa altura começaram os boatos de que o espírito dela vagava pela escola. A história da 'loira do banheiro' ganhou mais força quando, em 1916, um incêndio misterioso danificou parte do prédio. Desde então, era comum sentir um cheiro forte de perfume feminino e ver a tal aparição.
Abaixo, um poema sobre a lenda; confesso que fiquei tentado a mudar a estrutura do poema e deixá-lo do jeito que escrevo os meus, mas mantive o original.
Loira do banheiro em versos. (Autor desconhecido).
Ela gosta de assustar Menino que é desordeiro E é no banheiro da escola Que ela se esconde primeiro De repente, ela aparece E todo mundo conhece Por "a loira do banheiro". É que ela tem o cabelo Comprido e muito bonito Muito loiro e delicado Por isso, o nome esquisito Assustador e folclórico Seu porte fantasmagórico Deixa todo mundo aflito. O seu cabelo é tão loiro Que parece ter verniz Usa roupas brancas, tem Na boca uma cicatriz Tem os olhos de aflição E chumaços de algodão Tapando boca e nariz. Não sei como ela respira Tendo algodão nas narinas Gosta mais de aparecer No banheiro das meninas Se esconde atrás do espelho Só usa esmalte vermelho E umas folgadas botinas. Corre um boato de que Ela aprecia assustar As crianças respondonas Que não gostam de estudar E que dizem palavrão Mas eu não vejo razão Para tamanha aflição Porque toda assombração Só pensa em apavorar.
*Poema publicado na revista 'Lendas Urbanas 3, da editora 'Discovery Publicações'.
*História da origem da lenda: resumida e tirada do livro 'História e memória da escola complementar de Guaratinguetá' (1906-1913), de Debora Maria Nogueira Corbage.
*Junção, compilação e acréscimos de texto: Edu Sene. Edu Sene
Enviado por Edu Sene em 11/12/2024
Alterado em 11/12/2024 Copyright © 2024. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |